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Armário sem Fundo

(História inspirada na filha da Mariah)

Ela acorda ao som de martelos, e arrastar de móveis. Corre desesperada e ao chegar ao quarto vê o armário já instalado, vai atrás do armário e vê que o mesmo tem fundo. Não era assim que ela tinha pedido, não era assim que deveria ser. Indignada ela anda até a frente do "fazedor de armários", cruza os braços e chama sua atenção.

- Moço! Moçooo! Heyy... aqui embaixo!
- Oi pequenina, no que posso ajudá-la.
- Você é o "fazedor de armário"?
- Sim.
- Pode devolver o armário, não foi assim que eu pedi.
- Devolver? Mas por quê?
- O armário tem fundo.
- Mas até onde eu sei, todo armário tem fundo.
- Não o meu moço, o meu armário não tem fundo.
- E por quê?
- Por que eu pedi o armário de Nárnia, que não tem fundo, para eu ir tomar um chá com o Sr. Tumnus.
- Hummm... Eu sei onde encontrar esse armário.
- Sabe? Onde? Diz moçooo, dizz...
- Mas não posso vendê-lo, foi feito pelo chefe dos "fazedores de armários".
- Que sacooo...
- Mas eu sei onde está o armário.
- Aiii... Onde? Onde? Onde?
- Se sua mãe deixar, eu te levo lá.
- Manhêêêêêêêêê!!

Maria e a mãe entraram no carro do "fazedor de armários" e seguiram ao encontro do armário sem fundo. Uma longa avenida que parecia não ter fim, depois ruas pequeninas, curvas e mais curvas que deixavam qualquer um tonto, quase um labirinto. O olhar desconfiado da mãe só não era maior por causa do olhar ávido e curioso de Maria.
Enfim chegaram. Uma casa grande, rosada, que tinha um aspecto de um armário gigante. Devia ser a casa do chefe dos "fazedores", só podia ser. Entraram. Janelas largas, sala, cozinha, banheiros, e muitos quartos.

- Moço "fazedor de armários"?
- Sim.
- Você está me enganando?
- Por que eu faria isto?
- Já entrei em todos os quartos, cada um tem um armário, mas todos têm fundo. Chega de brincadeiras, quero o armário sem fundo.
- Você é uma moça exigente, né?
- O senhor prometeu, precisa cumprir.
- Humm... É verdade.
- Então, cadê meu armário sem fundo?
- Atrás daquela porta existe um corredor comprido.
- Moço, não canse minha beleza.
- Com quem aprendeu a falar assim?
- Com minha mãe, vive dizendo isso.
(risos)
- Mas não mude de assunto. Não quero portas, nem corredores. Quero o armário sem fundo.
- No final do corredor, existe um armário.
- Com ou sem fundo?
- Por que não vai lá descobrir?

Maria corre eufórica. O "fazedor de armários" não mentira. Atrás da porta tinha um corredor, e lá no final estava o armário. Mas por que colocar um armário no corredor? Ela até pensou em voltar e perguntar, mas seus pés impacientes não deixaram. Ela abre a porta do armário, se enfia no meio das roupas e sai do outro lado.

- Não tem fundo.
- O que não tem fundo?
- Ahhhh... Quem é você?
- Desculpe o susto. Me chamo Sr. Tumnus.
- Moço, eu tenho cara de boba?
- Não. Por quê?
- O senhor não é o Sr. Tumnus. O senhor não tem rabo, nem 4 patas, e muito menos aqueles chifrinhos. Não tente me enganar.
- Está bem, está bem... Não sou o Sr. Tumnus, mas tenho chá, aceita?
- Claro.
- Me chamo Army, sou o chefe dos "fazedores de armários".
- Você é o chefe?
- Sou sim. Fico muito tempo solitário, dando ordens e mais ordens para a construção de armários pelo mundo todo.
- Todos os armários do mundo?
- Exatamente. Dizem que é possível conhecer a pessoa pelo armário que ela possui. Mas percebo que as pessoas estão mais tristes nos dias de hoje.
- E por que diz isso?
- As pessoas perderam a imaginação. Querem armários comuns. Uma ou duas portas, madeira maciça, gaveteiros, sapateiros, cabideiros. Prateleiras e mais prateleiras para guardar roupas, roupas e mais roupas. Cores escuras, claras, fortes, fracas. Embutidos ou soltos, pré-fabricados ou sob-medida. Sempre a mesma coisa. A mesma rotina, a mesma tristeza. Falta imaginação para as pessoas. Elas são tão vazias.
- Hummm...
- Antigamente era bom ser um "fazedor de armários". As pessoas pediam armários de todos os tipos. Armários falantes, andarilhos, saltitantes. Alguns tinham monstros dentro, outros eram feito de doces, existiam aqueles que davam frutos. Armários tímidos, outros mais alegres, aqueles filosóficos, mais bravos, irritados, confusos, loucos, palhaços. O interior do armário revela o interior de cada pessoa.
- Uauuuuu...
- Em cada quarto desta casa existe um armário diferente.
- Visitei todos os quartos, e pareciam todos iguais.
- Olhou dentro deles?
- Não...
- Olhe, vai encontrar todo tipo de armário. Tem até um todo recheado de algodão doce.
- Hummm... Eu adoro algodão doce. Mas na verdade procuro um armário sem fundo.
- Armário sem fundo?
- Sim, igual a esse que entrei a pouco.
- Entrou a pouco? Bom, seja como for, acho que posso dar um jeito.
- Pode?
- Sim. Mas antes tenho que te alertar que armários sem fundo são perigosos, podem te levar a...
- Manhêêêêêêêê... Consegui meu armário sem fundoooooooooo.

2 comentários:

Marcos disse...

Olha cara vc esta ficando bom em escrever heim, muito bom seu conto...

Sabe que hoje em dia tem muita gente saindo do armario... deve ser um deses armários sem fundo...rs...rs

Abçs e parabéns!

D. Martins disse...

hahauuhauhauhhuahua

oooorra Marcão, sinistro esse lance de sair do armário heim? uhahuuahua Essas paradas eu passo a vez!!!

Mandou bem pelo texto, fiote!

abração!